Assim como relata Pe. Francisco Xavier Diebels, S. J. (Companhia de Jesus) em seu livro “Rosas e Epinhos”.
Pe. Diebels, alemão, por cinqüenta anos esteve em todas as casas paroquiais da Missão e Província Religiosa do rio Grande do Sul, destacando-se como catequista, professor, orientador espiritual, diretor de organizações religiosas, pároco, capelão, pregador de retiros espirituais e apóstolo da Boa Imprensa.
Missionário em Canguçu. A 17/02/1928, por determinação Provincial, chega Pe. Francisco à Vila de Canguçu para servir não só como missionário, mas como Vigário da Paróquia, que possuía apenas uma matriz, Nossa Senhora da Conceição, situada bem no centro e uma capela, erguida no sul, distante 17 léguas da sede (Cerrito).
Conta-nos em seu diário, que o território era muito vasto e que o povo vivia bem espalhado, sem instrução nenhuma, também sem missa, sem confissões e comunhões. Os enfermos morriam sem sacramento e eram enterrados sem encomendação. Uma vez por ano, por vezes até de dois em dois anos, batizavam-se as crianças em qualquer casa de negócio ou residência particular; era a “roda” dos batizados. Era só nessa ocasião que o povo via o vigário. O batismo era o único sacramento que o vigário de Canguçu tinha de administrar ao povo. Portanto, nada de confissões, comunhões, nada de sagradas unções, nada de matrimônios!
Pe. Diebels faz sua entrada em Canguçu da seguinte maneira: A 17/02/1928, a conselho da superiora das irmãs Franciscanas de Pelotas, realizou uma viagem de reconhecimento (Pelotas a Canguçu) “para escolher casa e ver o que faltava”. Viajou de “ônibus” gastando de três a quatro horas e foi muito bem acolhido pela família do telegrafista, Sr. Severiano Nascimento.
Conta-nos que apesar da pouca distância entre Pelotas e Canguçu o clima, o ar e a temperatura divergiam. “Pelotas, devido a sua altitude apresenta-se úmida e o inverno é desagradável. Canguçu possui um ar puro, límpido, sendo inverno frio mas seco”.
Pe. Francisco, sempre muito piedoso e confiante na previdência de Nosso Senhor, sentiu-se acolhido como se filho fora da terra.
Viajava léguas e léguas pela campanha em sua “baratinha”, que ganhara de seus superiores e que mais lhe deu atritos do que ajuda, causando-lhes surpresas desagradáveis.
Conta-nos em seu livro-diário, que sua vida em Canguçu, se bem que solitária, era tudo menos monótona. Nos dias em que não havia excursões, dava aulas gratuitas a um bom número de meninos e meninas e a noite alfabetizava e ensinava as quatro operações aos moços que nada sabiam, mas tinham muita vontade de aprender.
Muito, porém faltava para o bom povo de Canguçu. Aquilo era apenas o começo de uma pequena melhora. O que o povo precisava era de um melhoramento profundo. Essa paróquia colossal, com suas 40 léguas de comprimento e os seus 40.000 habitantes, 30.000 dos quais era, católicos (e 10.000 protestantes alemães) esteve sempre trabalhando com um só sacerdote, quando seriam necessários pelo menos dois, zelosos e bons, Pe. Francisco, após recorrer ao Provincial e até mesmo ao Pe. Geral em Roma, recebia sempre a mesma resposta: absoluta falta de pessoal.
Afinal, escreveu ao Padres Franciscanos da Holanda, que o atenderam e Canguçu passou a contar com a atuação dos padres franciscanos por muitos anos.
Em questão de 10 anos, mudou a feição religiosa da terra, já possuía capelas na campanha, um colégio de Irmãs Franciscanas, o Nossa Senhora Aparecida, glorioso até os dias de hoje!
Todos que queriam recebiam os sacramentos de seus dois padres, dos quais um, o vigário ficava junto à matriz e o outro achava-se livre para a visita às capelas.
Fez-se tudo isso, no ano de 1931. Coube aos padres Franciscanos realizarem tão felizes mudanças.
Pe. Diebels, em 20/04, entregou a paróquia de Canguçu e foi nomeado coadjutor em “Bom Princípio e lá permaneceu de 01/05 à 14/05, muito feliz, lamentando terem sido apenas três meses... Foi então para a Santa Casa de Porto Alegre, como capelão.
Ao completar 80 anos, seus superiores houveram por bem enviá-lo para a “Chácara dos Velhos”, em São Leopoldo, onde teve a oportunidade de escrever seu livro, “Rosas e Espinhos”, o qual nos serviu de fonte para este trabalho.
Revmo. Pe. Francisco Xavier Diebels, Canguçu agradece...
Canguçu à sombra do Cerro Grande
A elevação hoje conhecida como Cerro Grande, a seis quilômetros da cidade de Canguçu, próxima a Canguçu Velho. No século 17, quando as lonjuras das regiões meridionais do Brasil eram disputadas pelos reinos de Espanha e Portugal, os indígenas que habitavam a serras de tapes identificavam aquele acidente geográfico, com cerca de 500 metros de altura. No alto deste cerro foi construído, em 1889, um marco da Carta Geral da República. Dele se divisam, a olho nu os Três Cerros de Pelotas, a Cordilheira de Encruzilhada do Sul, o Pedregal de Piratini, o Cerro Chato do Herval e a Serra Mariana Pimentel, próxima de Pedras Brancas, hoje Guaíba.
O início do povoamento de Canguçu coincidiu com o término das hostilidades fronteiriças entre Espanha e Portugal, no fim do século 18. Em 1799, 140 moradores da região dirigiram ao governador Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara uma petição requerendo a concessão do rincão para erigir a capela e fundar a povoação. Quatro dias depois, a permissão foi concedida, com a ressalva de que enquanto não se formasse uma irmandade legalmente constituída, cabia ao cura e a dois homens bons do lugar a administração dos terrenos. Em janeiro de 1800, era lançada a pedra fundamental da capela Nossa Senhora da Conceição. Ergueram-se as casas quase imediatamente e logo florescia uma povoação de tamanho considerável e bem organizada.
A Lei Provincial no 340, de 28 de janeiro de 1857, criava o município que, em 27 de junho, há 150 anos, era instalado oficialmente.
Colaboração de Celso Cunha.
Lembrando minha terra
Fazendo cento e cinqüenta anos
Muitos deles já vivi
Não posso falar de todos
Mas juro eu se pudesse
Estes seriam meus planos
Parabéns querida terá
Canguçu, cidade linda
Com seus cerros e grande curvas
Seus dias de serração
Que muitas saudades tenho
Daquelas manhãs tão turvas
Canguçu, a que saudades
De tudo que vivi lá
Lembro-me até das calçadas
Em que se arrastando vivia
Meu amigo Patuhá
Com suas mãos calejadas
Parando de esquina em esquina
Para seu corpo descansar
Com seus cento e cinqüenta anos
Nunca envelheceu
Amo tanto esta cidade
E juro que sempre digo
Canguçuense, sou eu
Canguçu somos unidos
Por este enorme laço
Pelo teu aniversário
Receba de tua filha
O mais caloroso abraço
Canguçu está em festa
Pelos anos que viveu
Continua sempre novo
Mesmo com cento e cinqüenta anos
É o orgulho do seu povo
Canguçu cidade linda
Com sua praça, sua vitória
Lembro-me e sinto saudade
Quando era Domingo
Matiné no Cine Glória
De ti nunca esquecerei
Canguçu minha cidade
De quando era menina
Querendo me divertir
Assistia futebol
Do Cerro da Liberdade
Parabéns querida terra
E a todo o seu povo
Queria viver mais cento e cinqüenta
Para poder estar aqui
E escrever tudo de novo
Clarita Duarte Soares
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Um comentário:
Muito legal seu post sobre o padre francisco Diebels...tenho um blog que trata da historia de Rio Grande, e achei seu blog quando pesquisava a figura do padre. Sei que ele esteve aqui em Rio Grande antes de 1919, pois estou trabalhando em um magazine publicado nesa época que o cita através de lembranças.Parabéns pelo seu trabalho. Se voce estiver disposto a olhar meu blog o endereço é cafeleprocope.blogspot.com. Abraços!!
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