quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Povoamento de Canguçu

As terras de Canguçu já eram bastante conhecidas e trilhadas desde 1758. decorridos 25 anos, em 1783, foram escolhidas para o estabelecimento da Real Feitoria do Linho Cânhamo do Rincão do Canguçu, onde funcionou até 1888, após o que foi transferida para o atual município de São Leopoldo, numa das interinidades do governo do Rio grande, do Cel. Rafael Pinto Bandeira, possuidor de gado e senhor de muitas terras em Canguçu e Encruzilhada. O gado acumulado foi fruto de arreadas contra os espanhóis. As terras as adjudicou para si como recompensa de guerra.
Esta feitoria foi objeto de reportagem no Diário Popular de Pelotas no ano de 1970 (30 ago e 6 set).
A feitoria cresceu e o local ficou conhecido Como Canguçu Velho. Após 12 anos na iminência de uma nova guerra contra a Espanha, foi criada a atual cidade de Canguçu, como capela em invocação a Nossa Senhora da Conceição, em atendimento a petição de 150 moradores da área.
A santa foi destinada o terreno onde se assenta a cidade, para a ereção de uma Capela e um povoado em seu redor. Foi nomeado fiscal da capela o Coronel Jerônimo de Azambuja, lugar Tenente do Marechal Marques de Souza que comandou a guerra de Fronteira do Rio Grande da qual resultou brasileira em definitivo.
Nesta arrancada tiveram grandes participações os filhos de Canguçu.
Canguçu, dada a sua posição geográfica, oferecia grande proteção contra ataque. Pois a invasão da Vila de Rio Grande em 1763 pelos espanhóis, o que determinou a transferência da sede do Governo para Viamão e após Porto Alegre, alguém chegou a sugerir o local onde hoje se ergue Canguçu como sede do governo. Os campos do município de Canguçu na vertente do Rio Camaquã foram distribuídos principalmente a militares que combateram na fronteira do Rio Pardo e os campos da vertente do Piratini, aos militares que lutaram na Fronteira do Rio Grande.
Recebeu terras em Canguçu o comandante da Fronteira de Rio Grande na arrancada de 1801 – O Marechal Marques de Souza.
Como já vimos as forças terrestres do Brasil, sejam como ordenanças, miliciosos e da linha, tiveram destacado papel no povoamento de Canguçu nos seguintes setores:
Pioneirismo no desbravamento do território.
Os Dragões do Rio Pardo e Rio Grande, militares de 1ª linha foram os primeiros a desbravarem suas terras, bem como de 1780 – 1801, os militares de comissão demarcadora de limites que percorreram todas vertentes do rio Piratini “encontrando-as completamente povoados.
Penetração e povoamento.
Os milicianos de Rafael Pinto Bandeira e de Marques de Souza foram os primeiros povoadores de suas terras após a guerra de 1776.
Transportes.
Coube aos Dragões do Rio Pardo e de Rio Grande estabeleceram a ligação terrestre Rio Grande – Rio Pardo, após 1756, talvez o primeiro caminho de trânsito regular dos portugueses ao sul do Rio Jacui.
Agropecuária 1783-RS.
A Real Feitoria do Linho Cânhamo do Rincão de Canguçu (1783 - 1788) contou entre seus fundadores com três elementos da 1ª linha do Regimento de Bragança:







Sargento José Joaquim Rodrigues – almoxarife e contador da despesa e produção do estabelecimento.
Soldado João Martins e Matias Martins (presumivelmente irmãos), como feitores e práticos neste tipo de cultura em outros locais do reino de Portugal.
O proprietário da maior parte de terras de Canguçu em 1879 era o prestigioso Cap. Mor Paulo Xavier Rodrigues Prates, irmão do Padre Francisco Xavier Rodrigues Prates, professor do Mosteiro de São Bento e do Convento de Santo Antônio, e que foi o instalador e administrador da Feitoria até 1784, quando veio a falecer.
Ambos eram filhos de um dos pioneiro estancieiros e se estabelecer no Rio Grande do Sul em Viamão – João Francisco Rodrigues Prates.
Desta família saiu o primeiro bispo do Rio Grande do Sul D. Feliciano Rodrigues Prates e o Dr. Júlio Prates de Castilho.
O Coronel Jerônimo de Azambuja, escolhido como fiscal da capela de Canguçu e herói da guerra de 1801 na fronteira do Rio Grande, é quase certo tronco da família Azambuja ao sul do rio Piratini.
Era filho de Francisco Xavier de Azambuja, um dos primeiros estancieiros do Rio Grande do Sul, juntamente com João Francisco Rodrigues Prates.
No tocante a feitoria não ficou claro os motivos de sua transferência em 1788 para São Leopoldo, no momento que atingiu a maior produção de toda sua história 1783 – 1824, 41 anos.
Para esta pesquisa muito contribuíram estudos realizados em documentos do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro no período de 1967 – 1969.
O Regimento de Bragança ao qual pertenciam os militares da Feitoria de Canguçu veio de Portugal em 1767 para participar no Rio Grande do Sul da expulsão dos espanhóis.
Era o seu comandante o Coronel Lima e Silva, tio avô do Duque de Caxias.
Teve parte ativa na reconquista da vila de Rio Grande em 29 de abril de 1776, sob o comando do Coronel Sebastião Xavier da Veiga Cabral que assinou favoravelmente a petição de instalação da capela em Canguçu em 1800, na condição de Governador do Rio Grande de São Pedro.
Retornou ao Rio em 1778 de onde enviou em 1783 aos seus três integrantes para acionarem a Feitoria.

Um comentário:

Unknown disse...

Cairo:
Parabéns pelo trabalho de pesquisa sobre a tua terra, talvez possas me ajudar.Gostei muito.
Sou historiada do Arquivo Judicial, pesquiso inventários findos e busco classificá-los para organizar o Acervo Histórico do Arquivo Judicial do TJ/RS.
Atualmente encontrei um do (Século XIX)da Comarca de Piratini/Termo de Canguçu que fala na Fazenda do Acampamento, remontando a 1835, com mapa de 1851. obrigada Anelda